Muitos de nós seguimos nossas vidas cotidianas sem pensar em nos tornar “ótimos” no que fazemos. E isso não faz mal, até surgirem súbitos desafios e pressões da vida que nos forçam a atuar, competir ou nos virar para sair de situações ruins.
Quando isso acontece –como a pandemia nos mostrou–, se somos medianos, acabamos demitidos com aqueles que são semelhantes. Por quê? Porque apenas os que são vistos como os melhores (nas melhores empresas) continuam por lá.
E, se somos empresários medianos, nossa empresa falhará como 70% de outros pequenos negócios. Somente aqueles capazes de se reinventar rápido o suficiente –aqueles que se tornaram indispensáveis-- sobrevivem ao abate econômico.
Essas são as realidades cruéis –mas devemos encará-las.
No entanto, existe uma maneira de sair desse perigo de estarmos sujeitos aos altos e baixos da vida e da economia. Essa saída é se tornar excepcional. E, nessa busca, não estamos atrás elogios em vão, mas determinadamente visando fornecer excelência a outros.
Se um colaborador fizer algo sem entusiasmo, nós o faremos com todo o entusiasmo e a alegria. Se um outro negócio oferecer aos clientes qualidade mínima e preço máximo, conquistamos esse negócio oferecendo mais qualidade.
Mas aqui está o ponto: excelência gera resiliência e sucesso a longo prazo, enquanto o bom e suficiente leva a um futuro confortável, mas incerto.
Portanto, se quisermos sucesso e grandeza a longo prazo –que na verdade são a mesma coisa–, devemos buscar a excelência. Nós devemos nos tornar melhores do que a média. Mas o que nos impede de fazer isso agora? Segundo a ciência, há pelo menos três razões comportamentais de nosso sucesso travar no bom e não se torne em excelente. Veja na galeria de imagens a seguir:
1. Julgamos os outros e nos tornamos cegos para nossos próprios problemas e fraquezas
Existe um conflito psicológico conhecido como “viés do ponto cego”, que funciona assim: julgo que outra pessoa seja mais tendenciosa, menos consciente, menos competente, ou em geral, menos do que eu, e assim, fico incapaz de ver minhas próprias fraquezas, preconceitos, desafios e problemas. Por exemplo, suponha que eu receba algum diploma avançado brilhante e retorne ao meu empregador após a formatura. Penso que meus colegas com menos pedigree são camponeses atrasados que fazem as coisas da maneira errada.
Apenas por fazer esse julgamento, deixo de ver minhas próprias limitações, pois eu posso ser ruim em lidar com pessoas, ou ter uma habilidade política limitada, e eu obviamente, não tenho humildade intelectual. Posteriormente, fico chocado quando não sou promovido ou sou demitido. “O quê? Acabei de terminar o programa liderança de Harvard online? Estou com ótimas credenciais e uma carreira medíocre e paralisada.” Deseja evitar isso? Pare de julgar os outros. Nem os critique. Em vez disso, concentre-se em identificar suas próprias forças e neutralizar suas próprias fraquezas.
2. Acreditamos que temos total controle sobre nosso sucesso
Julgar nos torna particularmente cegos ao “excesso de confiança” –uma das tendências mais prejudiciais que podemos ter. Os CEOs superconfiantes perdem bilhões de dólares coletivamente nas suas empresas com desempenho estagnado. Investidores com excesso de confiança causam crises financeiras e perdem seus bancos (e, portanto, a sociedade) dezenas de bilhões de dólares por ano. Pessoas confiantes demais acreditam que seu sucesso depende de seu “gênio” intrínseco ou de seu toque mágico, e não de fatores transitórios.
Esses fatores transitórios podem incluir estar no lugar certo na hora certa. Encontrar sem querer as pessoas certas ou apenas ser uma rolha conveniente para tapar um vazamento inconveniente na empresa. Embora isso possa parecer duro, a realidade é que o sucesso geralmente tem mais a ver com aproveitar uma oportunidade no momento certo, do que traçar um caminho para ela. Requer correr riscos. Isso significa adquirir um bom entendimento de separar a certeza da incerteza. A certeza é em grande parte o que podemos controlar (por exemplo, nosso conjunto de habilidades, nossa competência etc.) e o que devemos aceitar como uma constante (por exemplo, gravidade, dinâmica do local de trabalho etc.) Todo o resto, incluindo muitas oportunidades que surgem, fazem parte do processo da incerteza.
Se formos inteligentes, passamos nosso tempo reunindo uma compreensão profunda do que é controlável e do que é uma constante –e aguardamos as oportunidades se materializarem. No entanto, a maioria de nós acha que podemos forçar o sucesso. Acreditamos que podemos conectar os pontos de certeza que queremos, apenas para que as mudanças nos derrubem. Estatisticamente falando, ignoramos o “ruído branco”, e isso nos faz medianos. Em vez disso, se aprendermos a conquistar riscos e aproveitar as oportunidades, derrotamos o excesso de confiança.
3. Estabelecemos definições e referências limitadas de o que é sucesso
Dinheiro, fama, fortuna, status, seguindo os passos de nossos pais. Esses e outros são marcadores estereotipados de sucesso que escravizam nosso pensamento. O problema não está necessariamente nos marcadores –embora a maioria desses não traga felicidade de uma maneira ou outra. O problema é definir previamente os marcadores e estritamente o sucesso devido a eles. Eles se tornam pontos de referência.
Ao criar esses pontos de referência mentais, nos preparamos para montanhas-russas psicológicas quando eles ficam mais ou menos fora de alcance. Devido a uma das dificuldades cognitivas mais difundidas conhecidas como aversão à perda, perdemos oportunidades quando acreditamos que estamos no caminho certo para atingir nossos objetivos. Por exemplo, se nossa referência é um ponto ser parte de um grupo de executivos importantes de nossa empresa, nós abandonamos a oportunidade de assumir uma posição ainda melhor com um concorrente. Mas e se a promoção não acontecer? É aí que entra o outro lado da aversão à perda. Se sentimos uma perda inevitável, nós apostamos. Por exemplo, se recearmos sermos demitidos, deixamos nossa construção de carreira com excelentes perspectivas de lado, para lançar uma startup sem perspectivas.
No final, perdemos a referência nos dois campos. Talvez a maneira mais eficaz de lidar com essas definições seja usar uma “mentalidade de portfólio”. Quando fazemos isso, definimos o sucesso com diversos marcadores possíveis. Se não recebermos essa promoção, teremos mais tempo em casa com a família, isso também é uma vitória. Se não ganharmos o dinheiro que pretendemos, usamos isso como motivação para despertar o empreendedor criativo dentro de nós. O ponto é que nossa “diversificação” remove a pressão de aversão à perda de qualquer referência de sucesso, e isso nos deixa abertos a buscar mais grandezas, com força total.